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OPINIÃO: 'A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória'

Um dos grandes filósofos brasileiros, Huberto (sem "m") Rohden, escreveu uma grande verdade a respeito da maior criação de Deus, o homem. Escreveu ele: "Deus nos fez o menos possível, para que nós nos fizéssemos o mais possível". Apesar de Huberto ter sido padre e teólogo católico, ele corroborou com essas palavras uma das principais teses espíritas, a de que Deus criou o homem perfeito, mas incompleto, pois se fôssemos criados perfeitos e acabados, nossa vida, como ela é, não teria sentido na medida em que não haveria razão nenhuma para estarmos habitando um mundo de tantas discrepâncias, de tantas diferenças, de tantas dificuldades e de tantas coisas para aprender.

Deus não nos criou no Paraíso Terrestre e nem da forma que somos hoje, mas sim somos fruto de uma lenta e milenar evolução e aperfeiçoamento tanto nos aspectos físico, intelectual e, fundamentalmente, moral. Tal qual nasce hoje um criança, simples e ignorante (no sentido de desprovida de conhecimento), nós, enquanto espíritos, também fomos criados abundantes nessas duas características: simplicidade e desconhecimento. Muito se fala hoje sobre o "elo perdido", ou seja, quando aquela criatura que só tinha instintos recebeu os primeiros resquícios de razão e capacidade de raciocinar.

Convém aqui lembrar que pensamento é diferente de raciocínio, pois que raciocinar é um passo a frente na evolução do ser. Por exemplo: os animais superiores pensam? A ciência nos afirma que sim, ainda que seja um pensamento muito primitivo se comparado ao do homem. Já, nós, humanos, além do pensamento, temos, também, a capacidade de raciocinar o que nos permite analisar se uma ação é positiva ou negativa, certa ou errada, benéfica ou prejudicial e tudo isso com base em fatos e lógicas disponíveis. O raciocínio, portanto, é uma característica apenas dos animais racionais, que somos todos nós, eu que escrevi este texto e você que o está lendo.

Esta é a maior diferença do homem para o animal. Exatamente por causa dessa capacidade que temos de raciocinar e discernir o certo do errado, é que o homem é resultado de si mesmo na medida em que o passado repercute no presente, pois que cada um colhe de acordo com o que semeou, queira você ou não, seja você quem for, homem ou mulher, feio ou bonito, rico ou pobre, autoridade ou cidadão comum. Essa lei que não discrimina e nem protege ninguém, é também conhecida como Lei de Causa e Efeito e é um dos princípios fundamentais do Espiritismo.

É através das escolhas que são feitas no hoje que tecemos e construímos as consequências, boas ou ruins, do amanhã. Nada é proibido, tudo é permitido. Você é dono da sua vontade para plantar o que você quiser a seu bel-prazer. Mas só tem um problema, pois que a semente que você plantar hoje, obrigatoriamente, terá que, dela, colher os frutos. Aliás, dessa colheita ninguém escapa. Não adianta viajar, tirar férias, entrar em licença prêmio, tirar atestado médico, se esconder, fazer cirurgia plástica, dizer que não está, pois que ela, não somente baterá à sua porta como entrará e sentará na sala a seu lado.

É o bumerangue da vida. Semeou... colheu. A justiça divina é direcionada para a harmonia, para o bem e, tal qual alunos rebeldes e preguiçosos dos nossos colégios que precisam no próximo ano letivo repetir as matérias nas quais não alcançaram a nota mínima, nós também, enquanto alunos da vida como espíritos imortais criados para a perfeição, necessitamos, em algum momento no futuro, através das múltiplas encarnações e de acordo com as nossas necessidades na escala evolutiva, neste ou em outros mundos correlatos à Terra, enfrentarmos, novamente, aquelas matérias do currículo da escola da vida em que negligenciamos. Por isso, não esqueça jamais de um provérbio tão ou mais antigo que Matusalém, que diz: "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória"

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